Os altares de Hércules ou Círculo de Aníbal


"Nos Alpes, perto do céu, no lugar onde, afastadas pelo poder de Graius [a divindade montanhosa da qual é derivado o nome das Alpi Graie] as rochas vão para baixo, e se deixam cruzar, existe um lugar sagrado, onde são levantados os altares de Hércules: o inverno cobre-o com uma neve persistente e levanta a cabeça branca para as estrelas".
Os versos do autor latino Petronio descrevem bem, embora sem nomear-lo de forma explícita, o Passo do Piccolo San Bernardo, que conecta a 2.188 m. do Valle d'Aosta com a França.

Quem quer ver por si mesmo as palavras do poeta, pode começar a partir da aldeia de La Thuile, no vale do mesmo nome, e segue as indicações para o Passo. A estrada sobe vertiginosamente, alternando curvas estreitas e traços íngremes, que se enfia na rocha escavada, onde um duro trabalho conquistou cada centímetro da montanha viável. Depois, de repente, as rochas se expandem, como se realmente uma força sobre-humana tivesse aberto de lado para permitir a passagem; além da lagoa de águas geladas de cor cobalto, uma última subida leva ao posto de fronteira. Entre o nosso quartel e aquele francês há apenas uma centena de metros, mas ali mesmo, nas duas fronteiras, estão os "Altares de Hércules" descritos por Petrônio, também chamado de "Círculo de Aníbal", um nome dado por engano pela lenda de sua passagem nestas montanhas.



São quarenta e seis pedras, presas verticalmente no solo, e para a maior parte cobertas de milenares detritos, descrevendo um grande círculo com um diâmetro de 72 metros.

As pedras presas verticalmente no solo, geralmente de forma alongada e pontiagudas, são chamados menhir pelos arqueólogos, e quando, como neste caso, estão dispostas num círculo, o conjunto é chamado cromlech, pela linguagem dos Celtas, para os quais Croum significava "curva" e Lech "pedra sagrada".

Um particular digno de nota é o local de uma pedra, a sétima. É muito pontiaguda, como se ela tivesse uma função de indicação, e é significativamente mais elevada do que as seus vizinhas. Sua posição é para indicar o nascer do sol na primavera e no outono. Outras pedras ou grupos de pedras, têm formatos especiais. Três menhir enormes indicam o norte-oeste: marcavam talvez o pôr do sol durante o solstício de verão? Um outro grupo particular de pedras são as 44, 45, 46, e o centro da cromlech indica o Norte.



Júlio César, no De Bello Gallico, fornece uma longa descrição dos Celtas, antigos habitantes provável do Valle d'Aosta, e da classe dos Druidas, os sacerdotes guardiões do conhecimento. Dizem que até Pitágoras viajou juntos com eles para conhecer. César nos diz que os druidas estudavam as estrelas e seus movimentos. Talvez os sacerdotes celtas eram ajudados, nessa tarefa, com uma estrutura fixa, uma série de menhir fixados verticalmente. Alguns arqueólogos locais argumentam que o cromeleque é muito mais velho. Esta afirmação não é inconsistente com o fato de que os druidas foram usa-ló novamente: eles podem ter herdado esta estrutura existente continuando as tradições da cultura astronômica antiga.

Se o cromlech é realmente tão velho como dizem, estaríamos em um observatório primitivo de dois recordes: a idade e, é claro, e a altitude. Além disso, este monumento pré-histórico poderia ser ligado a outras construções megalíticas em Valle d'Aosta, em particular, a uma área muito grande e detalhadamente estudada, que está localizada na cidade de Aosta, que remonta a 3000 AC. Se estas ligações fossem confirmadas, estaríamos em uma cultura astronômica tão antiga como a Suméria. A Associazione Valdostana Scienze Astronomiche criou especificamente uma seção de arqueoastronomia e está preparando um plano detalhado de pesquisa sobre o assunto. Embora a neve permita apenas alguns meses por ano para a investigação em situ, vale um estudo sistemático: a descoberta de que há milhares de anos, os sacerdotes de uma cultura antiga estavam usando um círculo de pedra como uma roda mágica, afiada e com visores para avistar as estrelas.



Perto do círculo de Aníbal, sempre no Passo do Piccolo San berbardo, perto de um hotel na alfândega francesa, você pode encontrar uma coluna isolada de quatro metros de altura chamada de Coluna de Júpiter, que foi assim chamada porque foi pensado que foi erguida pelos romanos devido à a proximidade do templo de Júpiter. Em vez disso, a coluna é quase certamente muito mais velha, dedicada ao deus celta Penn (daí o nome dos Alpes Pennine). Hoje tem no topo a estátua de São Bernardo, mas antigamente levava um enorme cristal vermelho, chamado de "Olho de Júpiter" ou "olho de fogo." Dizem que a pedra era visível mesmo a uma grande distância e assustava os moradores locais, os cristãos, que consideravam ser o olho do diabo, tanto que pediam proteção à S. Bernardo. Por esta razão a pedra foi substituída pela estatua.









Posta un commento

2 Commenti

  1. Oi, gostei muito do seu blog e ADOREI a idéia de falar sobre a Italía e os seus secretos. Ja fui no seu pais mas o conheço muito pouco. Parabens!

    Beijos

    Camila

    RispondiElimina
    Risposte
    1. Obrigado Camila. Como falei sou muito orgulhoso do meu pais e gostaria que todo mundo conhecesse melhor a Italia. Eu estou tentando de fazer isso.

      Abraços!

      Elimina